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recordar, repetir, elaborar


ferro... fogo... o barulho ecoado a partir da ação do maçarico... e a arte. um maçarico serve para aplicar chama ou calor capaz de aquecer, fundir, soldar e cortar diversos tipos de materiais como os metais. vale dizer que além de ferramenta, maçarico é nome de ave migratória, cujo nome popular é pesca-em-pé; ave de bico longo e patas altas (suas ferramentas) que vive nas costas à procura de peixes: particular arte cotidiana. e o que é a psicanálise se não uma arte que primeiro precisa capturar o sujeito pelo amor de transferência e que tem na palavra uma ferramenta que solda, corta, quebra, retorce: faz falar? uma aposta de fazer o sujeito vir à tona, seja com o seu sintoma, seja com o seu desejo... fazer o sujeito sair da alienação e implicar-se naquilo que vive e sobre o que fala; deslocar-se em produções, invenções, saídas.


para o artista jorge dos anjos, o combustível do seu maçarico pode ser gás, pode ser querosene, óleo diesel. para a ave, a visão, a caça e o vento. para a psicanálise é a palavra, a associação livre, o ato de intervenção do psicanalista: um corte, um silêncio ou uma "quente" interrogação.e antecedendo a ação, lá está o corpo: da ave, do artista, do psicanalista. cada um com sua fome. produzir para saciar-se um pouco é preciso...


recordar, repetir, elaborar... eis a lógica da arte.


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